Na Última, costumamos dizer que o processo é onde mora a verdade. Ele nos guia. Nossa forma de fazer design parte do gesto, da escuta e da experimentação — e é nesse espírito que nasceu nossa colaboração com a Cardapê, marca artesanal criada por Taynan do Canto no sul do Brasil. Um encontro guiado pelo tempo, técnica e cuidado.
Durante quase um ano, trocamos ideias, esboços e muita conversa. Queríamos criar algo que fosse além de um produto: uma peça viva, que carregasse matéria, intenção e o silêncio das coisas bem feitas.

“Na Última, investigamos diferentes modos de fazer em paralelo aos processos industriais. Esse projeto vem desse desejo de criar de forma alternativa, mais harmoniosa — com tempo e sentido.”
— Bruno A.
Começamos com um tecido deadstock de algodão orgânico. A partir dele, iniciamos um processo de experimentação com tingimento botânico. A artista Thanina Caetana, que assina como A Mulher que Planta Cor, conduziu esse processo em Paraty utilizando eucalipto, cascas de romã e o tempo como os principais agentes de transformação.
“Trabalho com plantas, tempo e escuta. O tingimento se torna uma ponte entre o manual e as cores da natureza. Cada peça é viva, única”
— Thanina Caetana
Thanina nos apresentou as possibilidades da impressão botânica e da oxidação com casca de romã — técnicas ancestrais e contemporâneas que atuam com sais, calor, presença. Cada tecido que voltava do ateliê dela tinha vida própria. Nenhuma peça é igual à outra.

Com os tecidos tingidos e já carregados de história, convidamos Taynan do Canto para dar forma à peça. Alfaiate, designer e fundador da Cardapê, Taynan desenvolveu os bonés em seu ateliê no interior do Rio Grande do Sul. Seu trabalho parte da herança da indumentária gaúcha e da precisão artesanal, que ele traduz para uma linguagem contemporânea e urbana.
“A Cardapê sempre foi artesanal, e é nesse ritmo que desenvolvemos tudo. Entender que o processo artesanal precisa ser feito sem olhar o relógio é essencial.”
— Taynan do Canto
Taynan desenhou dois modelos, com forro em alpaseda, assinatura em feltro e uma regulagem especial em couro de avestruz, criada em parceria com a @graxaim.co. Detalhes que não servem apenas à estética — mas carregam história, técnica e curadoria.

A colaboração é uma tentativa de construir algo autêntico, onde o tempo não é um obstáculo, mas sim parte do valor. Não criamos esses bonés para seguir uma tendência. Criamos para afirmar um modo de existir: com presença, com respeito, com escuta.
“Acredito que esse seja um dos produtos mais consistentes da Última até aqui. Ele afirma nosso compromisso com um ecossistema colaborativo entre artesãos espalhados pelo Brasil e América Latina.”
— Bruno A.
São apenas dois modelos, feitos à mão no Brasil, de maneira limitada e natural. Cada peça carrega em si a soma de escolhas, tempo, saberes e relações — para existir no mundo de forma mais harmoniosa e humana.
